sábado, 26 de maio de 2012

DESASTRE NA JOVEM GUARDA

Quando a gente ouve falar em homenagem à Jovem Guarda no Som Brasil, da Globo, vem logo à cabeça uma festa de arromba - com trocadilho, claro! Animação, iê iê iê, muita dancinha da época... E o que temos? Três grupos e um dupla que nenhum antidrepressivo no mundo consegue tirar o telespectador do fundo do poço. Sem falar, nos figurantes, quase dormindo nas arquibancadas improvisadas no cenário, na fotografia sem criatividade (a luz chega a "estourar" num dos grupos musicais, deixando aquele clarão) e a edição quase tão lenta quanto os convidados. No trio Stop Play de Moon, a cantora-modelo Geanine Marques, estilo Mortícia Adams versão loura, parece que vai desmaiar a qualquer momento. Ela, seu guitarrista imexível, e o baterista, que parece saído de um grupo tipo Gang 90 & as Absurdetes, demonstram uma tristeza incrível "cantando" Rua Augusta! Eu só me perguntava: "Em que momento vai entrar o Eduardo Araújo para salvar isso?". E nada. Eles ainda sofreram mais em A Volta e Eu Daria a Minha Vida. Mil vezes a Martinha (olha a que ponto cheguei!). Olho de relance e acho que Maria Gadú está no palco. Não: é Pe Lanza, do Restart, cantando que é O Bom. Isso é que é falta de noção! Depois, Pe Lu, com o rosto empapuçado de pancake três tons acima, ataca com Era um garoto que como eu amava os Beatles e os Rollings Stones, acompanhado pelo baterista Thomas, que também erra a época "homenageada" e vem de Rod Stewart anos 1980. O único atenuante é a participação final de Jerry Adriani, arrasando em Doce Doce Amor, dando um off no Restart. Mas não fica só nisso. Joelma, do Calypso, radicaliza com um top de couro vermelho, uma faixa de voil preto, simulando uma saia, e botas de cano alto. Quase não consegui entender o que ela cantava, ora "corria" com as palavras, ora engolia outras... Mas pela melodia percebi que eram Devolva-me, da Lilian, e um pout-pourri (bendita legenda!) com Parei na Contramão, Eu Sou Terrível e É Proibido Fumar. Joelma é salva pelo gongo, quando Wanderléa rouba a cena com Pare o Casamento e Prova de Fogo. Houve algo que valesse a pena? Marcelo Jeneci  levou bem Gatinha Manhosa e Esqueça. O multi-instrumentista é bom e deveria abrir mão da inexpressiva parceira, Laura Lavieri. Tão bom que protagonizou o melhor momento do programa: cantar Alguém na Multidão com os maravilhosos Golden Boys. Esses, sim, animados, em ritmo de festa, de Jovem Guarda, enquanto os outros participantes pareciam saídos de algum filme da série A Volta dos Mortos Vivos. (SM)