segunda-feira, 31 de outubro de 2011

O Astro: final digno de um bruxo de araque

O remake de uma novela dificilmente supera o original. Com a versão de O Astro, adaptada por Geraldo Carneiro e Alcides Nogueira da obra de Janete Clair, não foi diferente. A produção teve qualidades, sim, mas pecou na reta final, quando as cenas foram tão picotadas que mais pareciam uma colagem de videoclipe. A impressão foi de que os autores tiveram que correr muito com os desfechos porque não havia mais tempo para desenvolvê-los. Em alguns momentos, essa rapidez atrapalhou a amarração e compreensão da trama. Mas nada se compara aos surpreendentes penúltimo e último capítulos. A transformação de Herculano Quintanilha (Rodrigo Lombardi) em uma pomba foi um dos momentos mais ridículos da TV brasileira este ano. A desculpa do realismo fantástico - só porque o bruxo passou a novela inteira fazendo pequenos truques - não cola. Fiquei com a sensação de estar assistindo a outra novela: Os Mutantes, na qual todos os personagens viravam bicho. Qualquer referência à Saramandaia (1976, de Dias Gomes) é uma triste e infeliz comparação.

O final foi ainda mais risível. O que foi aquele circo armado pelo delegado paspalhão vivido por Daniel Dantas para revelar o assassino de Salomão Hayalla (Daniel Filho)? Para morrer, o ricaço precisou ser dopado pelo mordomo, levar uma coronhada do irmão e só depois ser empurrado janela abaixo por Clô (Regina Duarte). OK, valeu pela homenagem a Regina, que mesmo abusando das caras e bocas teve bons momentos na trama - até porque, desde o início, a novela não mostrou compromisso algum com o tom naturalista. Mas não deu pra engolir a prova recolhida contra a perua: além do tufo de cabelo retirado das mãos do morto, um botão de plástico que caiu da roupa de luxo dela! O estilista da personagem devia ser um vanguardista da moda. Mais patéticas ainda foram a prisão de Samir (Marco Ricca) e a morte de Neco (Humberto Martins), apesar de seus respectivos intérpretes terem feito ótimo trabalho. Já o suicídio de Magda (Rosamaria Murtinho) teve um toque poético. O desfecho de Herculano teve a pressa que marcou os últimos capítulos. Depois de forjar a própria morte - numa cena ambígua -, o astro aparece numa ilha deserta com Amanda (Carolina Ferraz) e o filho, a quem ensina seus truques. Final digno de um bruxo de meia tigela.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Pan na Record: tietagem e patriotada na transmissão

Ter exclusividade em evento esportivo não é garantia de aprovação. Ao contrário. Os erros ficam muito mais evidentes. E as críticas são inevitáveis! A Record mandou mais de 200 pessoas para cobrir os Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, mas quantidade não significa qualidade. Há muita gente boa na equipe, sim, mas é impossível passar por uma cobertura desse porte sem nenhuma mácula. A repórter Adriana Araújo, que entrevista os nadadores brasileiros, nem espera que eles retomem o fôlego após saírem da piscina para abordá-los. É o trabalho dela, sim, mas a tentativa de parecer íntima dos atletas dá uma vergonha danada. Parece tietagem. Sem falar que as perguntas nunca são, digamos, instigantes... A câmera exclusiva é um bom recurso para mostrar alguma cena interessante, só não pode ser banalizada como vem acontecendo. O ufanismo dá o tom das transmissões. Patriotada sem senso crítico. Os locutores não se limitam a narrar o que estão vendo, torcem descaradamente - e ainda falam do Galvão Bueno! Com toda sinceridade, acho que, em outra emissora, não seria diferente. Essa é uma característica da TV brasileira. A propósito, a Globo está prestando um desserviço ao seu público ignorando o Pan. Deixar de noticiar a competição é uma maneira torta e burra de vingar a perda do direito de transmissão para a concorrente.


Na Record, a cerimônia de abertura teve um quê de Carnaval. Os apresentadores Maurício Torres e Ana Paula Padrão (foto acima) narraram os defiles das delegações como se fossem evolução de escolas de samba. O toque momesco foi dado pelos brasileiros, com chapéus Panamá e camisas verdes, amarelas e azuis, dançando e fazendo trenzinho. Zé Carioca perde! Outra coisa: Maurício e principalmente Ana Paula estavam deslumbradíssimos com a festa, tanto que achavam tudo maravilhoso. Em termos de pirotecnia e tecnologia, o espetáculo foi realmente bonito, só que não dava pra engolir aqueles grupos mexicanos.

Show de humilhação e vergonha alheia

O japonês que participa do quadro Jô Suado, do Pânico na TV, pode até achar que está fazendo comédia, mas o que ele vem sofrendo na mão de Eduardo Sterblitch (o Polvilho) não tem a menor graça. Levar tapa na cara ou na bunda, ser ridicularizado com piadas (piadas?) de natureza sexual, ficar praticamente nu em cena... Isso é engraçado? Com o corpo pintado de verde, ele deve precisar muito do cachê para se submeter a tanta humilhação. E Polvilho é bom comediante, pode fazer melhor do que isso.

Que Rodrigo Faro que nada! A melhor imitação de Justin Bieber foi feita por Anderson Silva, nosso campeão mundial de UFC. O lutador pagou um King Kong ao se vestir como o astro canadense e dançar no programa Caldeirão do Huck. O pior (ou melhor) é que Anderson pareceu estar bem à vontade no palco, soltinho, familiarizado com a coreografia. Quem sabe, quando abandonar o octógono, ele não siga a carreira artística!

Pérola: "Este também é meu neto, mas nasceu de noite", disse Raul Gil, apontando para um menino negro, integrante de um grupo infantil. O apresentador deve estar fazendo escola com o patrão Silvio Santos.

O que foi aquele final de Morde e Assopra? Uma mistura de Parque dos Dinossauros com Viagem ao Centro da Terra. O autor Walcyr Carrasco não economizou nas referências cinematográficas e mergulhou na fantasia. A viagem de Júlia (Adriana Esteves) e Abner (Marcos Pasquim) ao centro da terra, após entrarem numa caverna, pecou pelo excesso, ridículo até. Divertido mesmo foi o show de Áureo (André Gonçalves) e Elaine (Otaviano Costa) como drag queens. Já a morte de Dulce (Cássia Kiss) deu o tom dramático do último capítulo. A propósito, Cássia sobrou na novela.

sábado, 8 de outubro de 2011

Ellen Roche arrasa em cena sensual

De roupa de couro preta, Ellen Roche mostra do que é capaz numa cena sensual em O Astro. Sua personagem, a Valéria, castiga Samir (Marco Ricca), algemado na cama. Rola até chicote e pingo de vela no corpo do amante. "Quem é que manda aqui?", questiona a loura, revoltada com o vilão que a deixou em segundo plano. Fetiche total. E a moça ainda fala em mudança de imagem...
Confira a cena.
http://oastro.globo.com/videos/t/cenas/v/cena-0710-valeria-castiga-samir/1655837/

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Band põe mordaça em Rafinha

Rafinha Bastos está pagando pela língua. Suspenso do CQC, o humorista vai ter tempo para refletir sobre as piadas de mau gosto que disse no programa. Não dá para achar graça de comentários infelizes como o que ele fez sobre a gravidez da cantora Wanessa Camargo: "Eu comeria ela e o bebê". Quando chamou de cadela a apresentadora Daniela Albuquerque, da RedeTV!, Rafinha já havia passado dos limites. A retratação pública ficou barato. Agora, a punição aplicada pela Band é vista como censura por alguns, por acharem que o humor - como qualquer outra forma de expressão artística - não obedece regras. Mas não é bem assim. Rafinha errou na dose e resvalou na ofensa pessoal. Desta vez, o azar dele é que gente muito influente, como Ronaldo Fenômeno, amigo de Marcos Buaiz, marido de Wanessa, entrou no circuito.
Nesta segunda-feira (dia 3/10), Mônica Iozzi assumiu a bancada no lugar de Rafinha e não disse a que veio. Ou melhor, para não se comprometer, evitou piadas que pudessem ser mal interpretadas. Se voltar ao programa, quem sabe Rafinha não siga o exemplo da colega. Ninguém espera que ele seja fofo, mas precisa manter o mínimo de compostura.
Uma questão ainda não ficou clara: se a Band resolveu colocar temporariamente uma mordaça no humorista e ainda estuda o que vai ser do seu futuro, por que não veio a público anunciar sua punição? Em vez disso, a emissora orientou os outros integrantes do programa a não falarem sobre o caso. Isso, sim, pode ser interpretado como censura.

Rock in Rio: até que enfim acabou, bebê

O Multishow parece ter entendido o recado. Após o bombardeio de críticas na primeira semana de cobertura do Rock in Rio, o canal se redimiu, em parte, na segunda semana, corrigindo algumas falhas. A principal delas diz respeito às apresentadoras Didi Wagner e Luisa Micheletti. Ponto fraco da cobertura, a dupla foi socorrida com fichas contendo mais informações sobre as bandas, além de saírem mais do estúdio para fazer entrevistas. Os intervalos entre um show e outro deixaram de ser um suplício, uma encheção de linguiça sem fim, até porque a emissora também preencheu esse tempo com reportagens gravadas. O resultado das mudanças é que as apresentadoras cometeram menos gafes.
Mesmo assim, elas não escaparam de momentos constrangedores, como a entrevista com os mexicanos do Maná. Didi assumiu não falar espanhol, enquanto Luisa fazia perguntas em inglês, e os músicos respondiam ora em inglês, ora em espanhol e, às vezes, em bom 'portunhol'.
A emissora também soube aproveitar melhor as câmeras nos bastidores, mostrando os músicos antes e depois de se apresentarem. Apesar do nervosismo, Didi marcou ponto ao entrevistar, ao vivo, os integrantes do Coldplay momentos antes de começarem o show. Mas uma pergunta não quer calar: por que entrevistar a Shakira em inglês se a cantora colombiana sabe falar muito bem o português?
Já Beto Lee limitou-se a narrar quem entrava e quem saía do palco, além de fazer comentários óbvios que nada acrescentavam à transmissão. Na área Vip, Dani Monteiro teve o trabalho facilitado ao se deparar com entrevistados falastrões como William Bonner, que mostrou muito bom humor ao defender o ecletismo musical do Rock in Rio, e Malvino Salvador, que fez piadinha sobre Axl Rose e revelou: na adolescência, imitava o líder do Guns'n Roses usando até uma peruca. Mas, se tem uma coisa que marcou a cobertura do RiR, foi a divertida entrevista de Dani com Christiane Torloni. A frase da atriz já virou slogan para as próximas edições do festival: "Hoje é dia de rock, bebê".