quarta-feira, 27 de setembro de 2017

MAIS SUSPENSE, AÇÃO E SURPRESAS NA 'CIDADE PROIBIDA'

POR SIMONE MAGALHÃES

Sempre me interessaram histórias de amores misteriosos, casos que acabaram em cadeia ou cemitério. Quando o assunto é detetive lembro-me de Bechara Jalkh, um dos mais procurados não apenas no Rio, mas em todo Brasil, em 50 anos de profissão, para desvendar traições, desaparecimentos, sequestros... Vários ficaram sem solução. Outros, tiveram fins dramáticos. Mas há uma aura sobre a profissão. Não é à toa que Sherlock Holmes, Hercule Poirot, Auguste Dupin e outros vendem tantos livros. Entre os detetives da literatura, e os profissionais de hoje com canetas, óculos e bonés que fotografam e gravam à longa distância, além dos drones, que circulam pelas janelas de casas e motéis, existem os da ficção televisiva. "CIDADE PROIBIDA" (tudo a ver com o atual momento  do Rio, com trocadilho) estreou com um caso comum, principalmente nos filmes hollywoodianos: a esposa envolve uma testemunha ou amante ou apaixonado bobão para não descobrirem que foi ela quem deu cabo do marido, para ficar com o pecúlio.


Vladimir Brichta está bem no papel, sempre cercado de mulheres, do fiel delegado Palhares (Aílton Graça) e de cenas sensuais vindas diretamente de sua imaginação. Acredito que a busca detetive-para-descobrir-traição tenha sido muito  considerada, principalmente pelos mais abonados, nos anos 1950, quando se passa a série. Mas o escritório de Zózimo, que, pelo visto, serve de moradia também, remonta a filmes p&b da indústria americana. Há cenas mais quentes, sim. Só que o preponderante é o heroísmo meio caricato do detetive. Ele pode sacar um revólver, pode levar um tiro apesar do colete à prova de bala, pode rejeitar a prostituta que o ama loucamente, pode até demorar um pouco a entender a relação entre a 'mau-caráter' e o 'vilão' para matarem o marido, mas é o herói charmoso e boa gente, num elenco de atrizes lindas e talentosas. Aliás, com um figurino de cair o queixo, e uma produção de arte impecável.
Essas histórias atraem o público? Claro, dependendo de como são contadas, da ação que é imprimida e, principalmente, do suspense. É fato que o telespectador gosta de ser surpreendido. De tentar descobrir o que acontecerá.
E eu fico aqui torcendo por surpresas, algo bem instigante a cada episódio, com finais tão inusitados quanto.
                                                             

FOTOS:DIVULGAÇÃO/REDE GLOBO/GSHOW/JOÃO MIGUEL JR


A FORÇA DAS MULHERES EM 'TEMPO DE AMAR'



















                                                                                     POR SIMONE MAGALHÃES

Um folhetim como já há tempos não se via no horário das seis. Com todos os clichês que o público adora e torce e se identifica e viaja no tempo. Um elenco de primeira. Todo o glamour  e uma bela reconstituição dos anos 1920. Um figurino especialíssimo. Com esses ingredientes nas mãos  - e, principalmente, na cabeça - Alcides Nogueira têm tudo para obter mais um sucesso - daqueles grandes - no horário.
Mas fujo do usual para comentar duas personagens femininas que extrapolam em talento. Regina Duarte, aos 70 anos, cheia de vitalidade e amor pela sua Madame Lucerne foi sensacional em suas primeiras cenas. A abertura da Maison Dorée, num show de extravagância dourada e extremo bom gosto, mostrou que Regina está mesmo empolgadíssima com a sua cafetina de luxo, que guarda um grande segredo (seria ela mãe de Maria Vitória, a estreante Vitória Strada? Quem sabe...). Seja o que for, a atriz fugiu das cafetinas habituais de novelas de época, e trouxe charme, olhares dúbios e um certo acolhimento a clientes e 'funcionárias'. Tudo em doses equilibradíssimas, dignas do talento da atriz. 
Tenho um grande respeito e satisfação ao ver as participações de Regina Duarte na TV, desde a minha infância. Ela é sempre mais do que se espera. Mesmo tendo passado o ano de 1972 na escola, com colegas incansáveis perguntando: "Simone, cadê o Cristiano?". Eu ficava enfastiada daquela "brincadeira" quase diária. Mas, depois de muito tempo, percebi quanto 'Selva de Pedra' foi um fenômeno na época - até entre os pequenos. Porque é assim: aonde Regina leva seu talento, com certeza, vira sucesso.
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 Marisa Orth é multifacetada. Ela vai do riso ao drama com admirável facilidade - e credibilidade das personagens. A atriz, que já é cantora, e encontra tempo para mostrar seus dotes na banda Vexame - ícone de hits bregas em releituras -, agora é fadista.  A portuguesa dedicada à benemerência Celeste Hermínia é emocionada, emocionante, de uma personalidade forte, determinada. E Marisa amou o papel: "Mudei o cabelo, sou chiquérrima, ando de calças compridas naquela época! Mergulhei na personagem: estou apaixonada pela Amália Rodrigues e por todos os fadistas. Minha personagem é muito dramática.".  Foi esse drama - que, geralmente, permeia a vida das(os) fadistas, envolve amores mal resolvidos e sofrimentos -, que saiu da voz da atriz, na estreia. Ela cantou lindamente, como se estivesse lembrando do amor "proibido"pelo Conselheiro Francisco (Werner Schünemann), há 15 anos. Sim, porque ela é a amante. Aquela que as canções de sofrência da atualidade avacalham. Mas nada diminui nem humilha Celeste: a mulher de Francisco, Odete (Karina Teles), vive catatônica, numa cama, há 18 anos. A novela mostrará a saga do amor da fadista pelo Conselheiro num mundo cheio de hipocrisia, preconceito e até duelos pela honra. E Marisa Orth fugiu para longe da Nicinha, da Magda, da Rita, da Francesca e tantas outras para num de seus melhores papéis mostrar o enorme potencial como atriz na TV.

FOTOS: REPRODUÇÃO/REDE GLOBO

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

NADA DE 'CURA GAY': O BOM É EXALTAR 'DIVINAS DIVAS', DOCUMENTÁRIO EXIBIDO HOJE, NO CANAL BRASIL!


Imperdível! Para quem ainda não teve oportunidade ver 'Divinas Divas', dirigido por Leandra Leal e eleito pelo público do Festival do Rio como melhor documentário, ele será exibido HOJE (25/9), às 22h, no Canal Brasil.
Tem emoção, risos, histórias da vida carioca nos anos 1950/60, muitas lembranças, enfim, um mergulho no glamour do que ainda era capital federal com seus espetáculos suntuosos, vedetes maravilhosas, figurinos exuberantes, e, claro, a primeira geração de artistas travestis a fazer sucesso na cena cultural carioca. Elas contam histórias de sua vida e de sua arte. Os depoimentos são intercalados com imagens de arquivo, vídeos, fotos e capas de revista, além de narrações de Leandra sobre sua infância convivendo com as divinas, principalmente no Teatro Rival, que pertence à família dela.
As divinas divas abrem os corações e desabafam sobre o início de seu trabalho, pontuado pelo preconceito, rejeição familiar e conservadorismo da sociedade - que ainda existem 60 anos depois! Mas também relembram como começaram a cantar, dançar, suas paixões e histórias de bastidores.
 Se hoje, em 2017, fala-se em 'cura gay' para quem não nasceu heterossexual, Brigitte de Búzios conta, no filme, sobre sua internação psiquiátrica, décadas atrás, para cuidar do que a família chamava de "doença".  
O belíssimo documentário, além de tudo, é uma homenagem a Rogéria, que virou purpurina, no dia 4 deste mês, e a Marquesa, que foi divar em outro plano, em 2015.  A todas elas, principalmente à querida Jane Di Castro, a minha admiração absoluta!

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

ELBA, ALCEU E GERALDO AZEVEDO ARRASAM NO PALCO DO ROCK!

  
                                                                POR SIMONE MAGALHÃES

Que 'Grande', o quê?! Foi um 'Enorme Encontro' o show de Alceu Valença, Elba Ramalho e Geraldo Azevedo, no Rock in Rio, hoje. O público começou meio tímido, mas foi só o trio trazer o melhor do sertão para o mar, e os jovens (isso mesmo!) se acabarem na verdadeira música de raiz brasileira. Com o palco Sunset repleto de alusões ao Nordeste - flores e pássaros se misturavam a fotos de Jackson do Pandeiro, desenhos de obras de Mestre Vitalino, e bandeirinhas de festa junina. Com direito a banda de pífanos Zé do Estado, muito frevo com o Grupo Grial de Dança, e desabafos. Como o de Alceu, dedicando sua mágoa "a todo populista destruidor do povo, vai pra essa gente ruim o meu desprezo. Vamos salvar a Amazônia!".
 Depois, foi a vez de Elba soltar a voz, mas com palavras: "Temos que preservar a natureza. Que a gente faça canções que durmam os meninos e acordem os homens. E fora Temer!", gritou, seguindo com a emblemática 'Chão de Giz', de Zé Ramalho. O povo foi à loucura.
Boa parte do repertório do álbum 'O Grande Encontro' (1996) fez a festa, mas também buscaram lá atrás, no passado, o que acharam de melhor. Os três cantaram separadamente, juntos e misturados. Para variar, Elba arrasou em 'Caravana', de Geraldo Azevedo. E seguiu, pedindo a todos que homenageassem "o nosso rei do baião, Luiz Gonzaga", introduzindo a linda 'Sabiá'. Alceu juntou-se à amiga, e cantaram 'Papagaio do Futuro', que o cantor defendeu no Festival Internacional da Canção (FIC), de 1972, já preocupado com a poluição no Brasil ("...Olha que eu fumo e tusso é fumaça de gasolina...").
Quando Geraldo Azevedo começou os primeiros versos de 'Dia Branco', a galera vibrou e seguiu cantando a música sozinha, em muitos trechos. E Elba veio com outra composição dele, 'Bicho de Sete Cabeças', também aplaudidíssima. 
O que se seguiu foram três vozes personalíssimas interpretando 'La Belle de Jour', 'Morena Tropicana' e 'Pelas Ruas que Andei', de Alceu; 'Táxi Lunar', 'Banho de Cheiro' e 'Frevo Mulher', de Zé Ramalho. Fecharam o show com dançarinos de frevo, os integrantes da banda nordestina, chuva de papel picado, fitas de plásticos coloridos em formato de serpentina, enfim, um bailão! Tanto que Alceu continuou dançando, animadíssimo, e, se deixassem, ele não sairia do palco. 
Foi pouco tempo pra muita música boa dedicada aos discípulos de Gonzagão e Jackson do Pandeiro.

FOTO: DIVULGAÇÃO   






ESSA FAMÍLIA MUITO UNIDA DO "THE VOICE BRASIL"

    POR SIMONE MAGALHÃES


Brown falou, repetiu; Ivete reiterou: a sexta temporada do 'The Voice Brasil' veio mesmo com jeito de família acolhedora. Tanto nos vídeos - agora mais detalhados e emocionantes dos candidatos - quanto na relação dos jurados com os cantores - mais próxima, afetiva, com explicações detalhadas de o porquê os que não foram escolhidos devem voltar numa próxima vez. É claro que continuam entre Lulu, Brown, Teló e Ivete as brincadeiras de 'furar o olho' um do outro na hora de seduzir o participante que brilhou no palco, e levá-lo para o seu time. Mas com um clima de disputa ainda mais leve. E o timing certo, sem muita enrolação.
 Para pegar logo o telespectador pela emoção, a atração começou com a congolesa Isabel Antônio, de 16 anos, que fugiu da guerra em seu país, e reencontrou a família num abrigo, em São Paulo. História linda, emocionante. E mais: ela ainda faz parte de um coral de refugiados regido por uma das pessoas mais perseverantes que conheço, o maravilhoso maestro João Carlos Martins. Só Carlinhos Brown embarcou no 'Trem Bala' (de Ana Vilela) da moça e virou a cadeira. Isabel estava tímida ao microfone, mas o baiano percebeu o potencial e o sotaque diferente. Comparou o nome dela com o da princesa brasileira que libertou os escravos, e pediu que o público gritasse: "Bem-vinda, Isabel". Foi a primeira da família The Voice Brasil 6.
Mas ainda havia outros quatro candidatos - dentre os oito que se apresentaram - escolhidos para fazer parte dos times. Os irmãos sertanejos Adysson e Alysson, de 21 e 25 anos, vindos de Minas Gerais, foram fundo nos corações nostálgicos, afinadíssimos na interpretação da canção mexicana 'Malagueña Salerosa', de 1947 - dizem as boas línguas que foi uma homenagem dos autores Elpidio Ramírez e Pedro Galindo à beleza da atriz Sarita Montiel. Frisson no júri. Mas quem venceu a parada foi o também sertanejo Michel Teló.
Carol Biazin, de 20 anos, uma bacharelanda em Artes, do Paraná, ganhou os quatro jurados no ato. Arrasou cantando 'Daddy Lessons' (de Gordon, Beyoncé, Kevin Cossum e Alex Delicata), e escolheu Ivete como mentora. Já a goiana radicada em São Paulo, Day (ela prefere o apelido a seu nome, Daiane), de 22 anos, optou pelo rap 'Deixe-me ir' (de Baviera, Knust e Pablo Martins). Lulu explicou à moça que houve momentos ligeiramente semitonados: 'Mas até isso me interessou', completou ele.
E fechando a estreia com chave de ouro a carioca-soteropolitana-brasiliense Dhi Ribeiro, de 52 anos, lacrou com seu vozeirão a serviço do samba. Ela comentou com o apresentador Tiago Leifert que nasceu no Rio, foi modelo (na mesma agência que Ivete Sangalo, nas priscas eras) e cantora de trio elétrico em Salvador, e, há 24 anos, mora em Brasília. No primeiro verso de 'Milagres do Povo' - "Quem é ateu e viu milagres como eu" -, de Caetano Veloso, Dhi já disse a que veio. Teló virou sozinho, mas, quando viu que tinha a concorrência de Carlinhos Brown, desanimou. O cantor baiano aproveitou para reiterar que ali não havia escolha por etnia, por classes sociais, mas pela voz. E quando Ivete reconheceu Dhi, ela foi até o palco, e começou uma conversa de comadres que parecia não ter fim. Hilariante! Rolou até um dueto com um dos sucessos da jurada: 'Sá Marina' (de Antônio Adolfo e Tibério Gaspar). Deixando bem claro que a "família" The Voice Brasil é uma união de talentos, mas que também dá afeto aos que ficam de fora.

FOTO: DIVULGAÇÃO REDE GLOBO

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

O MULTIFACETADO NEY LATORRACA BRILHA EM 'NOVO MUNDO'


                                                                                          POR SIMONE MAGALHÃES

Lutando contra problemas de saúde que, vira e mexe, insistem em tirá-lo de cena por algum tempo, Ney Latorraca venceu mais um, e agora mostra seu brilho nos últimos capítulos de 'Novo Mundo', como Edward Millman, pai de Anna (Isabelle Drummond).  Três anos depois de 'Meu Pedacinho de Chão', ele volta às novelas em participação especialíssima num papel de época, dramático, comovente. Mais uma reinvenção desse ator multifacetado. 

Ney Latorraca é um dos mais completos e bem-humorados atores que já conheci. A lembrança mais antiga que tenho é o personagem Felipe, de 'Escalada' (1975), sua estreia na Globo. Era um dândi, apaixonado pela professora de piano Fernanda (Nathalia Timberg). Posso dizer que foi um papel interessante, só que pequeno para o talento dele - como eu compararia depois.  E esse 'depois' veio logo: no ano seguinte. Não acredito em coincidências, mas na trilha sonora de 'Escalada' - quando a história de Lauro César Muniz chegava aos anos 1960 - ouvíamos "Stupid Cupid", com Neil Sedaka. E a primeira explosão de Ney na emissora foi justamente em 'Estúpido Cupido' (1976), de Mário Prata. Excepcional era o mínimo que poderia definir o seu Mederiques. Apesar de estar com 32 anos, ele passava uma verdade incrível no papel de bad boy, que já tinha repetido 200 vezes o Científico (hoje, Ensino Médio) e comandava sua "turma", os Personélits Bóis, na interiorana Albuquerque. Confesso: era uma pré-adolescente que perdia qualquer festa, qualquer evento, para ver 'Estúpido Cupido'. Lembro-me de estar de férias, com amigas e meus pais, na casa de praia deles, e não sair para poder assistir ao último capítulo da trama numa TV que vivia de chacoalhões e trocas de lugar da antena - mas vi tudinho!!! (risos) 
Outras interpretações maravilhosas de Latorraca, em novelas e minisséries vieram. Até chegar  à dobradinha 'Anarquistas, Graças a Deus' e 'Rabo de Saia", em 1984 - Seu Quequé era tudo de muito bom! No ano seguinte, ele se multiplicou, literalmente, interpretando cinco personagens em Um Sonho a Mais (1985), trama que acabou virando uma miscelânea, mas sempre lembrada pelo talento do protagonista. E quando a gente pensava que ele já estava no auge, veio o Barboooosa, da TV Pirata, em 1988. Quem, naquela época, nunca repetiu para alguém esquecido ou 'meio lesado' a expressão: "Barboooosa"? 
E, aí, Ney se reinventou mais uma vez: virou vampiro em 'Vamp' (1991), novela que cobri como jornalista. Foi uma delícia! Sempre aliei trabalho a prazer, mas em Vamp foi sensacional. As tiradas de Ney, dentro e fora do set, eram impagáveis. E o elenco funcionava por música. Naquele ano, ele foi nosso Papai Noel vampiro na capa da Revista da TV, de O Globo, numa foto linda de Claudia Dantas. Mas pra fazer a foto... Rimos muito antes, durante e depois.  Lembro-me de que em uma das vezes que estava cobrindo as férias de Patrícia Andrade, colunista da 'Controle Remoto', precisava de uma última nota. Ney estava bombando naquele momento. Liguei para ele e expliquei a situação: "Não vou tomar seu tempo... É só uma notinha...". Ele, com aquela voz tão peculiar: "Minha querida, já estou me acomodando pra ficar horas ao telefone. É sempre assim comigo: dizem que é notinha, mas acabo virando matéria de capa" e soltou uma risada à la Latorraca.  
E mais outros tipos interessante vieram...  Até 2010, quando fiz minha última entrevista grande com Ney. Era sobre o doutor Solano de 'S.O.S. Emergência'. Não sei se porque ele não estava com a saúde cem por cento ou se pelo tema 'hospital' - apesar de ser um seriado com tom humorístico - acabamos conversando muito sobre velhice e morte. E ele me contou que já tinha tudo esquematizado: um testamento no qual dividia seus bens para instituições benemerentes e hospitalares. Acho que foi a conversa mais séria que tive com ele. Mesmo assim, depois voltamos a nos encontrar em lançamentos, eventos, e sempre tinha uma piada pronta, às vezes irônica, às vezes ferina, mas sem criar qualquer constrangimento. E tratando os jornalistas com o maior respeito e dedicação. Atitude cada vez mais difícil nos dias de hoje, quando até em lançamento de novela uma assessora de ator menos votado, pega o crachá pendurado no pescoço do repórter e aproxima do rosto dela para saber se o veículo no qual ele trabalha vale a pena para seu assessorado.                         
Ah, Ney... Se todos fossem iguais a você! 
E olha que eu ia só registrar a linda participação dele em 'Novo Mundo'... E não é que virou textão? Tinha que ser.

FOTOS: REPRODUÇÃO

sábado, 16 de setembro de 2017

DIVINA ELZA SOARES: DE BORRALHEIRA A RAINHA


                                                                                 POR SIMONE MAGALHÃES

Ela foi esculachada pela sociedade ao assumir a relação com Garrincha, casado e pai de oito filhas. Segurou a barra do ídolo da cabeça e pernas tortas durante 11 anos. Cantou muito para sobreviverem. Teve quatro filhos mortos. Hoje, aos 80 anos e mais de 60 de carreira, ela é rainha. Elza Soares se desfez em "obrigada, muito obrigada" ao público do Rock in Rio, e fez um pedido - repetido mil vezes depois de interpretar 'A Mulher do Fim do Mundo': 'Me deixem cantar! Me deixem cantar até o fim!', verso da canção que veio como uma súplica do fundo do coração. Elza tem que ser exaltada não apenas pela grande intérprete e guerreira que já comeu o pão que o diabo amassou: ela é uma defensora das mulheres caladas à violência - "Você vai se arrepender de levantar a mão pra mim", em 'Maria da Vila Matilde'. O show curto e irretocável da rainha Elza com Rael teve um gosto de quero muito mais. E vê-la ali, diante de milhares de jovens - que nem eram nascidos quando Elza Soares já arrasava com seu suingue e vozeirão rouco num repertório delicioso - saudando a rainha é a vitória contra tudo que a cantora viveu. E contra a hipocrisia da sociedade. E contra a humilhação feminina. E contra a carne negra ser a mais barata do mercado. VIVA SEMPRE ELZA SOARES!


FOTO: Reprodução

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Egos de estilistas famosos comprometem atuação de iniciantes, na estreia de 'Desafio Brasil Fashion'

    Alexandre Herchcovitch, Lino Villaventura e Ronaldo Fraga: coaches no Lifetime

POR SIMONE MAGALHÃES
 Começou a estação da competição de renomados estilistas brasileiros. Ou melhor, dos aprendizes, que têm como coaches  Alexandre Herchcovitch, Lino Villaventura e Ronaldo Fraga , no programa 'Desafio Brasil Fashion', exibido no canal a cabo Lifetime. Na estreia da atração, os veteranos mostraram que não têm papas na língua. São diretos, retos e até indelicados ao comentarem os temas escolhidos pelos nove pupilos. Não teve salvação: todos tinham um - ou vários problemas - na concepção, nos croquis, nas cores, nos estilos... Parecia que a disputa pelos melhores looks eram dos figurões brasileiros da moda, que imprimiam suas ideias aos modelos dos candidatos.
A ideia do programa é quase - eu disse quase - uma clonagem do 'Project Runway', no qual os participantes criam e costuram suas roupas, desfiladas por modelos profissionais diante de juízes, que entendem do riscado e explicam os erros e acertos aos jovens. No 'Desafio' brasileiro foram escolhidos designers de nove estados diferentes. Cada um com sua concepção, e apoio total do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) - um dos maiores nomes quando o assunto é moda. Eles tinham 20 a 30 dias para a realização de três looks, e apresentação na passarela. Para toda essa façanha recebiam R$ 5mil de ajuda.
No primeiro episódio vimos a insegura estudante de moda Amanda, do Paraná, querendo mesclar o universo de suas antepassadas alemã e ucraniana, em vestidos com muitos bordados, sobre um tecido branco. Ronaldo Fraga não gostou do croqui que a moça apresentou, disse que ele poderia ter emocionado muito mais. Fraga mandou que ela mergulhasse profundamente na cultura ucraniana e, depois, aceitasse as alterações conceituais dele. Na reta final, com Amanda já bem estressada, foi um tal de muda aqui, diminui ou aumenta ali, borda pérolas - e tira pérolas - acolá. A estudante ficou aliviada com o término de seu desfile, que incluiu um look longo, outro midi, e um conjunto de short e blusa. Mas era nítido que, depois de tantas mudanças, o esforço feito não se refletiu na passarela.
Assim como o do carioca Michel, cuja inspiração no croqui era uma roupa baseada em Oxum, exuberância e estilo barroco, com muito azul, mangas largas e brilhos.                                            Pausa para o comentário Herchovitch sobre o programa: "São temas riquíssimos, mas quando vou ver a forma... tem ali na esquina".
Lino Villaventura provocou Michel para que usasse peças masculinas nas modelos. O rapaz acabou mudando toda sua estratégia, desenhou e confeccionou no Senai seu próprio tecido, e se jogou nos modelitos inspirado na arte barroca, com muitas, muitas camadas. Durante as provas, nas modelos, Lino não gostou, queria mais ousadia - "Não adianta uma estampa incrível, se o trabalho está muito normal", reclamou. Mandou Michel desconstruir as peças, alegando que uma blusa estava "bem pobrezinha", com uma sobreposição que parecia "um colete anos 70". Michel disse que Lino virou a vida dele de cabeça pra baixo. Mas chegou a hora da passarela, e mais um sentimento de alívio quando as modelos desfilaram. Sem a opulência de Oxum, muita camada e pouca beleza.
 E chegou  André, um gaúcho que mora em São Paulo, com uma aproximação maior da moda. Aos 38 anos, queria apostar em superposições com tecidos trabalhados em preto e branco, sobre transparências.  Herchcovitch demonstrou um certo interesse pela apresentação das ideias de André. Mas queria ver como ficaria a forma tridimensional. E lá foi André para o Senai fazer experiências com as padronagens dos tecidos, que o deixaram frustrado. Pressionado, não conseguia acertar o ponto. O candidato a estilista decide, então, produzir seus looks inspirados nas vestes dos padres jesuítas (!). É esperar os próximos episódios para ver. De antemão: Medo!
Enquanto isso, surge Sabrina, vinda de Santa Catarina. Ela apresenta a Lino um croqui com modelos inspirados na "mistura das raízes brasileiras". "O trabalho ficou bem geométrico, mas pode ser bem melhor. Sempre pode", respondeu ele.
 Acho que o interessante em programas na linha do 'Project Runway' é a criatividade de quem participa. É mostrar o que pensa, sente e põe em prática (com alguns pitacos do 'guru de estilo' Tim Gunn, mas nada de imposição). Só que, pelo visto, a criatividade do candidato do 'Desafio Brasil Fashion' acaba se adequando aos conceitos impostos pelos coaches. Ou seja, na fogueira das vaidades, quem sai chamuscada é a coleção do novato.
Quem venham novos talentos, e não clones dos famosos.

FOTO: DIVULGAÇÃO/LIFETIME

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

'A FAZENDA - NOVA CHANCE' COMEÇA MAL



POR SIMONE MAGALHÃES


Foi de doer! A estreia de 'A Fazenda - Nova Chance' teve (quase) tudo... de decepcionante. A começar pela falta de segurança do já tarimbado apresentador Roberto Justus, que, depois de trocar o nome de um participante, garantiu que até o fim da atração conseguiria decorar como todos se chamavam. Com explicações longas e repetitivas sobre as provas, falta de timing na edição, falhas técnicas (cadê o som??), inserções de VTs em horas erradas, excesso de 'explosões' pirotécnicas bem próximas aos peões... enfim,  um primeiro dia a caminho da roça, ou melhor, do caos. Mas como o povo morre de  curiosidade em  relação às "personalidades da mídia", seus romances e fofocas, o programa ficou na vice-liderança, com 10,4 pontos de audiência. E em primeiro, a Globo, com 27.
Mas não faltou o momento cômico-constrangedor. Contando com os pedidos do público (!), Rafael Ilha apareceu no cenário, antes da execução da prova para Fazendeiro da Semana, e foi apresentado por Justus como suplente, caso um dos 16 competidores desista. Ansioso, como sempre, o controvertido ex-Polegar comentou que esperava a saída de Dinei, já que eles tiveram "uma história no passado". O ex-jogador do Corinthians ficou pálido, com medo da explicação que viria, já que todo mundo sabe que ambos foram usuários de drogas. Mas Rafael (ufa!) contou uma história confusa de Dinei tê-lo salvado de morar na rua, tempos atrás. Assim, se tudo der certo (ou errado, e A Fazenda ficar "morna" ) é bem provável que Ilha entre para quebrar tudo, literalmente.
No final da prova do líder, que fez com que quatro peões pegassem pesados montes de fenos para as competidoras  Flávia Vianna (que se separou de Fernando Justin, também ex-BBB, depois de nove anos de casados) e  Monick Camargo (expulsa de A Casa) montarem pirâmides, e chegarem até o chapéu de Fazendeiro. Cheia de disposição, Flávia ganhou a parada.   

RECLAMAÇÕES À PARTE, OS PEÕES SEGUEM EM BUSCA DO PRÊMIO
Numa fazenda, que mais parece um sítio, em Itapecerica da Serra, a 38,5 quilômetros do centro de São Paulo, os 16 exs-tudo (Fazenda, BBB, A Casa, O Aprendiz,  Power Couple, Masterchef) reclamaram do pequeno espaço de convivência. Sala, cozinha e quarto apertados, apenas dois banheiros (sendo um do lado de fora da casa), além da velha técnica do uso de camas de casal no lugar de duas de solteiros. E embora a piscina seja maior do que a hidromassagem foi na banheira que os peões preferiram ficar de boa vida, hoje. Teve topless, peoa falando sobre seu excesso de flatulências, comparações entre as "irmãs gêmeas", as parecidíssimas Nicole Bals e Monick Camargo, e Monique Amin e a cantora Pablo Vittar.  Enquanto isso, os desafetos de Marcos Harter se unem, cada vez mais, para pedir a saída do médico da atração.
Resta esperar pelos próximos episódios. Quando todos deixarem de ser amiguinhos, e os divertidos barracos e trairagens rolarem.

FOTOS: DIVULGAÇÃO REDE RECORD

terça-feira, 12 de setembro de 2017

O MELHOR DO PASSADO MUSICAL NO FAUSTÃO




POR SIMONE MAGALHÃES


Parecenças à parte com o 'Qual é a música?', do 'Programa Silvio Santos', no qual rolavam disputas acirradas pelo primeiro lugar entre Ronnie Von, Gretchen, Ovelha, Nahim e tantos outros, o 'Ding Dong', do 'Domingão do Faustão', entra no túnel do tempo, trazendo surpresas e nostalgia ao palco. Cantores que emocionam o público mais velho, e que muitos jovens nem conhecem. A competição da atração da Globo dura pouco tempo - aliás, vai aí um pitaco: poderia ganhar um espaço maior no programa -, mas dá para matar as saudades. 
E é notória a alegria do apresentador ao resgatar velhos amigos, que batiam ponto no 'Perdidos na Noite', exibido pela Record e pela Band, nos anos 1980. Mal comparando uma 'Escolinha do Professor Raimundo' musical. Enquanto, Chico Anysio e sucessores à frente do programa faziam questão de resgatar os atores/humoristas que andavam esquecidos, e mesclá-los com os mais jovens, Fausto Silva também traz verdadeiras pérolas, que muitos não sabiam por onde andavam, nem se estavam vivos. A memória curta do brasileiro apaga astros que brilharam no rádio, TV, cinema nacional, em shows pelo Brasil, pelo mundo. A memória curta do brasileiro só vale para o sucesso musical do momento, para os belos atores que estão no ar.
E mesmo só apresentando cinco atrações, o 'Ding Dong' me emociona a cada domingo. Trazendo Perla, Dudu França, Ângelo Máximo, Sarajane, Peninha, Hyldon, Dalto, Cláudio Zoli, Ira, Antônio Carlos e Jocafi, além de tributos a Elvis e Nat King Cole. E cantores jovens, claro. 
Mas é nítida a alegria do Faustão e seus antigos "sócios" do 'Perdidos'.  Como foi domingo passado, com a divina Ângela Maria que, aos 88 anos, entoou seu hino,'Babalu', lindamente, do modo que ficou mais cômodo para ela. E como a participação no quadro envolvia a divulgação do CD no qual ela canta Roberto e Erasmo, não ouvi 'Vida de Bailarina', 'Tango para Tereza', 'Gente Humilde' e 'Vá, mas volte' - minhas preferidas na voz da Sapoti. Sem problemas: corri para o Youtube, e pus Ângela na vitrola da minha infância, cercada por meus pais - que já não estão mais aqui - e de muitas saudades, porque era "hora de lembrar e de chorar".
FOTOS: Divulgação da Rede Globo e Fco. Patrício 





domingo, 10 de setembro de 2017

ANDRÉ FRATESCHI : O POPSTAR HORS CONCOURS



POR SIMONE MAGALHÃES

Estava na cara... Mas sem marmelada! Por melhor que fossem os concorrentes da primeira temporada de "Popstar", na Globo, a vitória tinha destino certo desde o início: o ator e cantor André Frateschi. Não desmerecendo os talentosos Claudio Lins e Mariana Rios, segundo e terceiro lugares, respectivamente, Frateschi foi o ponto alto em todos os programas. Se houve algum 'senão' dos jurados pelo fato desse paulistano, de 42 anos, cantar mais em inglês - Beatles, David Bowie, Queen, U2, Nirvana,  Marvin Gaye -, ninguém pode esquecer que, nas dez semanas da atração, ele também brilhou com músicas de Skank, Cazuza, Legião Urbana e Paralamas do Sucesso. E nada afetou suas performances no palco: Frateschi foi hors concours.
Lúcio Mauro Filho e Thiago Fragoso expressaram muito bem o lado roqueiro de cada um. Mariana Rios, quando introjetava a "diva" dava show - coincidência ou não, sua melhor apresentação foi na quarta semana, quando Di Ferrero, seu ex, era jurado. Além de lindíssima, ela brilhou interpretando "Million Reasons" (Lady Gaga), alcançando a maior pontuação da tarde.
Todos os participantes acabaram transformando o "Popstar" numa grande confraternização. Acredito que Eduardo Sterblitch - que, sem querer, acabou dedicando este último dia às crianças, com o tema do "Rei Leão" e "Lua de Cristal", de Xuxa - sucesso que ele declarou "amar" - não se arrependeu de ter ganhado só dois votos dos jurados; Alex Escobar caiu no samba e parece ter se divertido muito com a participação; assim como Érico Brás (abusando do suingue); Marcelo Mello Jr (que, com certeza, terá mais convites para shows de sua banda, Melanina Carioca), Fabiana Karla (sempre emocionada e trazendo o Nordeste para o palco); a bossa-novista-sensual Sabrina Parlatore, que teve na atração uma alavancada na carreira musical; enquanto Marcela Rica e Murilo Rosa se saíram bem no esforço de mostrar seus dotes de cantores. Rafael Cortez ficou na cota dos que gostariam de ser cantores.
Mas o que me deixou profundamente triste, numa atração tão animada - com Fernanda Lima, em looks e maquiagens nada exagerados para o horário e o programa -, foi o bullying que muitos convidados fizeram com Claudio Lins. Dono de um potencial de voz maravilhoso, cujo timbre é semelhante ao de Ivan Lins, o segundo lugar de "Popstar" não merecia ficar sendo comparado, a cada exibição da atração, com o pai. Aos 44 anos, o ator e cantor não precisa mais afirmar a quem quer que seja o seu talento. Só que as pessoas continuam insistindo na velha e cansativa história do "filho de peixe, peixinho é". Acredito que para tentar minimizar as comparações sobre Ivan e Claudio, a cantora Paula Toller chegou a dizer que o filho cantava mais do que o pai, "um excelente compositor".
Fica a questão: quando as pessoas vão parar de comparar os filhos de artistas que seguem a carreira dos pais? Será que não percebem que isso faz com que eles se cobrem mais, que tenham que "provar" o tempo todo que são bons por si mesmos ou que se sintam diminuídos por terem conseguido um espaço em função do DNA?

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

QUANDO SEREMOS INDEPENDENTES?


POR SIMONE MAGALHÃES

Desde crianças nos ensinam as datas simbólicas do nosso País. E a importância delas. Eu sempre tive uma quedinha pelo 7 de setembro. Além do ato de bravura de um príncipe ao resgatar o que sempre foi nosso, mas que, na verdade, nunca foi, lembro-me das idas às paradas do Dia da Independência, no Centro do Rio. Era um passeio cheio de pompa. E o único que, durante o ano, eu fazia sozinha com meu pai. Tanto que ele, muitas vezes,  brincava comigo me chamando de "parada". Meu pai... Um homem de poucas letras, de muita fé no Brasil, com amigos mais velhos que haviam sido expedicionários, tinha orgulho de todo aquele aparato, numa época complicada - anos 1970 -, sobre a qual ele não sabia absolutamente nada, não apenas pela falta de cultura formal, mas pela dedicação integral ao trabalho e à família.
Nas redações no colégio, que vieram depois, quase sempre havia "Brasil, um país emergente'', "que caminha a passos largos", "cabe a nós, crianças, escrevermos o futuro dessa nação" e por aí ia. Mas nunca fomos.
Meu pai, dono de uma pequena alfaiataria, trabalhou no corte e na costura por mais de 50 anos, e conseguiu nos dar conforto, um apartamento e formar duas filhas em faculdades. Mas já não acreditava naquele Brasil das paradas da Avenida Presidente Vargas. E, quando mais precisou, resmungava muito sobre como a contribuição de uma vida inteira à Previdência Social só permitiu que ele sobrevivesse. A essa altura minha fé pela "grandeza" do Brasil já tinha sido transferida para o filho, que eu viria a ter muitos anos depois. Mas tudo foi se dissipando.
Mesmo assim, sem emprego e decepcionada com cada perversidade que vejo/leio todos os dias, me peguei emocionada - como em 1972, no filme "Independência ou Morte", com Tarcísio Meira - ao ver a cena de Caio Castro, em "Novo Mundo", e rememoro o que imaginei para este País e para os milhões de brasileiros honestos, que hoje (sobre)vivem à míngua.
E o que temos 195 anos depois? Nenhuma independência. Somos reféns de golpistas, ladrões, planos maquiavélicos, violências absurdas e toda sorte de desgraças. Nunca fui uma Pollyanna, pelo contrário, mas esperava que o futuro nos trouxesse o básico: comida, emprego, segurança, educação, saúde pública, dinheiro para quem trabalha por ele... Sobrou-nos apenas - infelizmente, nem a todos - a dignidade e a fé. E a pergunta: Quando seremos independentes?

FOTOS: DIVULGAÇÃO REDE GLOBO E REPRODUÇÃO