quinta-feira, 15 de março de 2012

LOUCO POR ELAS: UMA BANANA DIFÍCIL DE DESCASCAR

Séries e programas em episódios com famílias, muito entra e sai, comédia de erros já estão batidos na nossa TV. Mas a insistência é sempre uma tentativa de abocanhar uma fatia do público comodista ou que fica na expectativa de que, com o passar do tempo, "vai melhorar" ou porque os outros canais não conseguem ser apetitosos no horário. Com chamadas que pareciam de uma sitcom interessante, Louco por elas estreou na Globo, mostrando muito do mesmo, ou seja, sem novidades.


Logo de cara, achei que estava assistindo a uma trama de Carlos Lombardi, com crianças sempre prodígios, que citam Freud, assim como Theodora (Laura Barreto), e que, em alguns momentos, só conseguia declamar suas falas, sem interpretá-las. E adultos com textos "inteligentes"/"engraçadinhos", soando forçados.... Mas era Louco por Elas. Eduardo Moscovis, sem estofo e jogo de cintura para o personagem, agrada ao público feminino pelo visual. E só. A tentativa de tiradas engraçadas, em edição ágil, não ajudou o galã, que, em muitos momentos, lembrou-me Wladimir Brichta em seu táxi, em Faça Sua História. Fiquei penalizada por Glória Menezes, que parecia mais perdida do que cego em tiroteio. Comédia leve, clima de vaudeville, não mostram seu brilho. E fazer sua Violeta passar por velhinha com dificuldades de memória e descolada, ao mesmo tempo, resvalou numa caricatura e na total falta de aproveitamento de uma atriz que já fez papéis de tanta relevância na TV brasileira. A filha do diretor de núcleo da Globo Guel Arraes, Luíza, ficou alguns tons acima da adolescente rebelde - sem causa. Sua Bárbara me remeteu à personagem de Bianca Comparato, em Belíssima, também exagerada, a princípio, mas que foi ganhando contornos mais palatáveis com o desenrolar da trama de Silvio de Abreu. E Deborah Secco, com 10 quilos a menos para livrar-se do estigma Natalie Lamour? Bom, Deborah Secco é sempre Deborah Secco... Pelo menos só apareceu uma vez de sutian e calcinha! Um avanço... (SM)

terça-feira, 6 de março de 2012

POBRE QUER VER MULHERES RICAS... E RIDÍCULAS!

Não houve um suspiro no docu-reality Mulheres Ricas que não fosse combinado. A riqueza ali estava no excesso de ridículo, que levou ao sucesso de comentários nas redes sociais e nas rodinhas de amigos, já que a audiência não passou de 4, 5 pontos no Ibope. Vamos lá: quem não gosta de ver pessoas se expondo em situações risíveis, patéticas, regadas a champanhe, em carrões ou aviões? A verdade do "mundo real" aliada à rotina é tão cansativa... A falta de dinheiro, então... Assim, depois de um dia de trabalho (muitas vezes, mal remunerado) por que não passar meia hora vendo cinco mulheres dispostas a servirem de deboche público, mostrando o que são e - o melhor - o que não são e não têm? O over deu o tom de Mulheres Ricas. E as fofocas também. A elegância passou longe e as participantes desciam do salto com a maior facilidade. Ou seja, tudo que o público quer ver. E a TV mostra, aproveitando-se do binônimo muito comum à maioria que acompanha ficção:  projeção e identificação com os personagens. Pensemos nos telespectadores de baixo poder aquisitivo. Como não se interessar por uma mulher como Valdirene Aparecida Merchiori, que trabalhou na roça quando criança, tornou-se rica (sem entrar no mérito do processo) e hoje é capaz dar uma festa de aniversário "caríssima e chiquérrima"? E que, ainda por cima, alfineta e ri das "colegas" de programa, dá ataques de grosserias (vingando-se dos que deve ter sofrido durante sua vida de "pobre") e adoooooora uma futilidade? Como não amar os excessos das mulheres ricas, que entravam em lojas lindas e só mandavam colocar tudo nas sacolas, indo embora sem pagar nada? Para nós, que conhecemos televisão e sabemos como funcionam as coisas, houve várias permutas, as ideias e execução de passeios/viagens foram da produção da atração, muitos empréstimos (joias, aviões, roupas etc) pelos empresários interessados na visibilidade do programa e assim por diante. Mas para quem queria ver boniteza, riqueza e mergulhar num mundo distante do seu ou apenas se divertir às custas das exageradas mulheres ricas foi um prato feito. Opa, feito, não... À la carte. Com muiiiiito champagne francês, porque, hello, a ideia era embebedar o sonho do telespectador. Joãosinho Trinta sabia muito bem o que dizia: pobre gosta de riqueza. E nem precisa ter glamour, requinte... Muito menos ser de verdade! Por isso, não há como levar a sério Mulheres Ricas, nem tecer teses mirabolantes. O negócio é o seguinte: tá ruim pra todo mundo, então bora ver coisa bonita e dar muita risada? (SM)