quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

PERERECA DA DERCY BRILHA NA MICROSSÉRIE

A perereca da vizinha tá presa na gaiola... Está nada! Até a próxima sexta-feira ela vai voar livremente por Dercy de Verdade, na Globo. Nossa, quantas saudades se misturaram na minha mente, enquanto via a microssérie de Maria Adelaide Amaral! Minha mãe cantando a Perereca da Dercy (epa, entrei no clima...), meu avô, contemporâneo da atriz, em Santa Maria Madalena, contando, como a cidade tinha vergonha da filha famosa quando ela foi escorraçada de lá, e como dona Margarida (mãe da ainda Dolores) sofreu nas mãos de Seu Manuel - o que, aliás, poderia ter sido mais bem explicado no episódio de estreia. E eu ficava meio tensa, porque vovô dizia que Seu Manuel, alfaiate afamado na cidade, podia ser "malvado como o quê". E o meu pai era... alfaiate!(risos). E, assim, desde menina me "solidarizei" com Dercy e comecei a admirá-la. Nas sessões de filmes brasileiros, que a Globo e a TV Brasil (antiga TVE) mantinham nas priscas eras eram apresentados Cala a Boca, Etelvina! (cujo trecho foi mostrado na microssérie), Minervina Vem e Entrei de Gaiato (com o maravilhoso Zé Trindade, que virou desafeto da Dercy e acabaram fazendo um filme sem se falar), eu não perdia um. Pude revê-los em DVD e no Canal Brasil. Dercy, para mim, não era a "velha desbocada, que já estava esclerosada", como muita gente rotulava. Era a mulher batalhadora de Madalena, que correu atrás do que queria, que sugou cada segundo da vida e, como ela mesmo disse: "Não sabia pra onde ia, só sei que fui e cheguei". Isso ficou bem claro em Dercy de Verdade, com bela atuação de Heloísa Périssé. E a sempre ágil direção de Jorge Fernando. O que me fez voltar no tempo novamente. Lembrei-me do misto de respeito e paciência que Jorginho tinha ao dirigir Dercy Gonçalves, na novela Deus nos Acuda (1992). Ela já não conseguia ficar muito tempo de pé, nem decorar o texto (um amigo dos tempos da Atlântida, o ator Luiz Carlos Braga, soprava todas as falas para o ponto eletrônico da atriz), mesmo assim, colocava cacos engraçadíssimos e estava sempre de bom humor. Depois de meses cobrindo a novela quase diariamente, nos estúdios da Herbert Richers, no Rio, um dia Dercy me "descobriu" e gritou: "Você aí! Vai escrever pra falar bem de mim ou pra me esculhambar?". Antes de eu dizer da admiração que tinha pelo trabalho, pela carreira dela, ouvi: "Também não me interessa! Escreva o que quiser! Já fui muito esculhambada, tá? Mas o povo me ama!". Taí, Dercy: outro texto meu sobre você. E, só pra lembrar, eu sou povo também!

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