Rio - Um dos ícones da pornochanchada, Carlo Mossy
voltou no tempo. Na série ‘Magnífica 70’, que retrata o universo da produção
desse tipo de filme, exibida no canal HBO, o ator e diretor de 68 anos
interpreta Lúcifer, um comerciante que investe boa parte de seu dinheiro em
produções eróticas do cinema nacional. O papel faz com que Mossy reviva a época
em que filmava na Boca do Lixo, em São Paulo.
“Eu passei por aqueles problemas com meus filmes.
Convivi muito com a ditadura, fui preso por ter exibido um filme sem o
certificado da censura”, recorda o ator, que produziu 25 longas. “O censor
tinha uma obrigação moral de cortar, era um peitinho aqui, uma bunda a mais...
Por isso, a gente filmava um pouco mais, porque sabia que as cenas mais pesadas
seriam cortadas.”
Protagonista de comédias eróticas com títulos tão
divertidos quanto bem-sucedidos em bilheteria, como ‘Lua de Mel e Amendoim’,
‘Oh, Que Delícia de Patrão’, ‘Como É Boa a Nossa Empregada’ e ‘Essa Gostosa Brincadeira
a Dois’, Mossy aprendeu a driblar a censura nas sequências de sexo, mas sofreu
com os diálogos. “Alguns filmes tiveram o som cortado por causa dos palavrões,
ficavam buracos, mas nunca cortei nos negativos, só nas cópias”, conta.
Para o ator, ser chamado de Rei da Pornochanchada é
motivo de orgulho, apesar de muita gente ter torcido o nariz para seus filmes
nos anos 70. “Nunca tive vergonha. Pelo contrário! O rótulo pornochanchada era
pejorativo, para desmoralizar. A crítica elitizada não assistia e dizia que não
gostava. Ficavam putos, porque os meus filmes passavam em mais cinemas e faziam
sucesso.”
Belas mulheres também marcaram a história de Mossy
no cinema. A paixão pela diva Odete Lara, seu par romântico em ‘Copacabana Me
Engana’ (1968), acabou em confusão. “Ela era casada com o (diretor) Antonio
Carlos da Fontoura, que não me perdoou até hoje”, diz. A química com a atriz
Adriana Prieto em ‘Soninha Toda Pura’ (1971) também saiu da ficção para a vida
real. “Fui muito apaixonado por ela. A turma considerava a dupla mais sensual
da época”, admite o ator, que está casado pela terceira vez, com Íris, há 22
anos, e tem cinco filhos.
Embora tenha feito muitas cenas calientes, como as
de ‘Essa Gostosa Brincadeira a Dois’, com Vera Fischer, ele garante que o clima
era sempre de “muito respeito”. “As pessoas pensam que só rolava sacanagem. Eu
era garotão, produtor... Beijava muito. Beijo, quando rolava química, a gente
não desgrudava. Namorei, sim, muitas atrizes famosas depois dos filmes, mas
isso acontece em qualquer profissão. O cinema tem essa coisa epidérmica.
Beijou, rolou”, diz ele, que acrescenta: “Nunca fiz teste do sofá, nunca
permiti sexo em troca de trabalho.”
Especialista em mulheres sedutoras, Mossy não
economiza elogios a Simone Spoladore, que vive Dora, a estrela dos filmes da
produtora Magnífica na série do HBO. “As lentes grudam nela feito ímã.
Raríssimas atrizes suportam um superclose como a Simone. Ela sabe usar a
epiderme como técnica no assunto”, derrama-se ele, que a compara com outra
musa: “Ela seria a atriz que mais se assemelharia à divina Adriana Prieto, no
que diz respeito ao ‘physique du rôle’, uma tropicalizada mescla de ingenuidade
‘femeal’ agregada à irreverência e cinismo sensual.”
Publicada em 10/06/2015 – O DIA
Obrigado pela informação. Eu acho que Magnifica 70 é uma série muito bem estruturado coloca você na década de 70 épicas em São Paulo, Brasil; a ditadura militar, onde o filme era independente e não podia tocar temas tabus; Ele nos leva ao cinema chamado Boca de Lixio. O protagonista da série, Vincente (Marcos Winter), funciona em relatos de filmes que têm de censurar, uma vez assistindo a um filme e está chocado com a estrela, levando-o a Boca de Lixio e onde começou a trabalhar como diretor na produção Maginfica cinematografica. É uma série proposta diferente, no entanto eu acho muito interessante.
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