segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Mais amor, menos revolução, nenhuma satisfação

Não é só a Globo que anda vetando cenas em Insensato Coração. O SBT também está censurando sequências que considera inadequadas em Amor e Revolução. Os cortes são feitos na edição para evitar o baixo nível e palavras de baixo calão. Depois de exibir o beijo gay entre duas mulheres - Gisele Tigre (Marina) e Luciana Vendramini (Marcela) -, a emissora de Silvio Santos decidiu recuar, reduzindo as cenas de violência e desistindo de mostrar o beijo entre dois homens - Jeová (Lui Mendes) e Chico (Carlos Artur Thiré). As mudanças foram feitas depois que a "TV mais feliz do Brasil" realizou uma pesquisa de satisfação junto ao público.
De fato, no início, a trama de Tiago Santiago estava pecando pelo excesso, com muitas cenas de tortura e morte nos porões do Dops, sem retorno de audiência. A alternativa do autor foi apostar no romance, com direito a casais fazendo sexo.
O problema é que, mais uma vez, a história esbarrou em um tema proibitivo: padre Inácio (Pedro Lemos) já transou com Nina (Patrícia Dejesus) na sacristia e agora engravidou uma mulher. Não se sabe ainda qual o desfecho desse imbroglio - se o padreco vai largar a batina ou não -, mas Tiago e o SBT resolveram não polemizar mais, desistindo de mostrar o padre Bento (Diogo Savala Picchi) como homossexual.
Amor e Revolução tem um tema interessante, mas ainda obscuro para a maioria da população, os Anos de Chumbo. A novela tem a seu favor uma discussão bem atual: a instalação da Comissão da Verdade, que tem por objetivo esclarecer casos de violação de direitos humanos ocorridos no período da ditadura (1964-1985). Mas nem assim a trama decola. Na verdade, a história anda sem rumo, perdida entre cortes de cenas de violência, desbunde dos anos 60 e erotismo raso. Sem falar no elenco fraco, carente de direção - alguns atores parecem que só decoram o texto, mas não o falam com naturalidade, ou então se limitam a usar o tom didático do autor, chatérrimo, quando se trata de explicar o golpe dos militares e o papel da guerrilha. Sofrível.

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