quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Sapo pode virar príncipe?

Há transformações e transformações... As radicais ficam lá pelo Discovery Home & Health. A criatura entra no programa e, meia hora depois, sai 10 anos mais jovem, lipoaspirada, botocada, curada da miopia, com pele de pêssego, e roupas de gosto duvidoso, mas novinhas em folha. Já as transformações nacionais ficam no meio do caminho. O Esquadrão da Moda, do SBT, é especialista em baixar a autoestima do candidato à mudança. É um tal de gritar: "Cafona! Cafona!", que o participante acaba vencido pelo cansaço, e sai vestido do jeito que os apresentadores acham melhor. Mas tem um programa que consegue ser mais triste. O Operação S2, no Multishow, pretende transformar um nerd tímido em surfista garanhão. No Rio de Janeiro, as duas apresentadoras levam o rapaz à praia, e, depois de dez minutos em cima de uma prancha, o comparam a Kelly Slater. Corta para uma loja de roupas. Elas escolhem para o novo Slater uma camiseta multicolorida e um cardigan (isso mesmo, aquele casaquinho da vovó!). O rapaz consegue dizer que prefere apenas a camiseta. Corta para o salão, onde o cabeleireiro promete radicalizar. Nada! O nerd sai com o cabelinho um pouco mais curto e emplastrado de pomada. E, finalmente, corta para a boate - é, porque tudo acontece no mesmo dia. De óculos de grau, com aquele look e muita introversão, nosso candidato a garanhão não consegue pegar ninguém. As apresentadoras sequer dão alguma dica. E ele, arrasado! Drama. Fim de festa, programa acabando, tinha que ter final feliz, né? Nosso príncipe-sapo se aproxima de uma jovem - que não tem nada a ver com o que ele definiu como tipo ideal -, entabula uma conversa desesperada. A moça parece carente, ele se esforça e pergunta: "Como posso conseguir um beijo seu?". Que situação! Pensei logo no dia seguinte do nosso herói. Com os amigos, no trabalho, no condomínio onde mora... Será que vale pagar esses micos para estar na TV? Ainda mais ficando do mesmo jeito que era? Vale dizer que eu adooooooro programas de transformação. Mas que não coloquem a pessoa numa saia-justa, não humilhem, não prometam o que não vão cumprir, e não deixem o telespectador com vontade de mergulhar na tela para tirar a vítima de lá.

3 comentários:

  1. Não gosto deste tipo de programa. E ainda acho que é tudo combinado. Não é possível que uma pessoa se preste à esse papel.

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  2. O programa deveria ser comandado pelo cantor FALCÃO.

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  3. Essa moda de se meter na vida dos outros está demais.Onde já se viu nerd virar surfista? E por qual razão? É feio, cafona e deisteressante ser inteligente e estudioso? Ao invés de apostarem mais nos games de saber e cultura, ficam com essas bobagens de querer mudar o povo. PS: se me chamassem de cafona, eu rodava as baianas todas de uma ala! Ao vivo e a cores...

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