sexta-feira, 19 de julho de 2013

Danilo Gentili: "Todo mundo odeia ter um vizinho chato. Eu sou esse chato"

Rio - Quando estreou o seu ‘late show’ em 2011, Danilo Gentili foi alvo de críticas e comparações. Dois anos depois, o ex-integrante do ‘CQC’ comemora mais uma temporada do ‘Agora É Tarde’, que se consolidou como um dos principais programas da Band, alcançando muitas vezes a vice-liderança de audiência, de terça a sexta-feira, à meia-noite. “Temos o programa de entrevistas mais doentio e maluco da TV aberta brasileira”, exagera. Apesar de sondado por outras emissoras, como o SBT, Danilo resiste: “Se minhas escolhas fossem baseadas em dinheiro, estaria numa situação de carreira e prazer no trabalho muito pior do que estou hoje, embora estivesse mais rico”.

O DIA: Quando você estreou, há dois anos, esperava chegar tão longe?
Danilo Gentili:Eu nunca tenho essa visão tão ampla, porque nunca enxergo o fim do caminho, apenas onde vou pisar para dar o próximo passo.

Qual o balanço do programa? Como você o define hoje?
Acho que, orgulhosamente, posso afirmar que temos o programa de entrevistas mais doentio e maluco da televisão aberta brasileira.

O que você destaca de mais positivo nesses dois anos? 
O relacionamento de todo o elenco (os comediantes Marcelo Mansfield, Léo Lins e Murilo Couto, a assistente de palco Juliana Oliveira e a banda Ultraje a Rigor) e da equipe. Nunca brigamos, nunca entramos um dia chateados uns com os outros. O clima é de amizade e acho que, por isso, o programa agrada tanto às pessoas.

E o que acha que ainda precisa ser melhorado? 
Meu cabelo. Ninguém acerta o corte dele.

Que nota você se daria como apresentador? 
Nota 0 pelo cabelo. Nota 0 pela postura. Nota 0 pelo português. Nota 0 pelas perguntas. Nota 0 pelas piadas. Pela minhas contas, acho que ficamos no 0 a 0.

Hoje, você se considera mais apresentador ou comediante? 
Eu sou mais um cara desesperado que odeia trabalhar e, por isso, trabalha todos os dias para nunca precisar voltar a trabalhar.

Tem noção de que está incomodando a concorrência? Como lida com isso? 
Eu acho que incomodo a concorrência, sim. Todo mundo odeia ter um vizinho chato. Eu sou esse chato.

Você foi sondado pelo SBT? Trocaria de emissora por uma boa proposta salarial ou está satisfeito na Band?
Desde quando eu não tinha dinheiro, jamais aceitei qualquer proposta de trabalho na TV pelo dinheiro. Antes do ‘CQC’, tinha sido sondado por outro canal e programa. Depois do ‘CQC’, fui sondado por outros canais que, na época, me fariam ganhar mais do que ganho hoje como criador e apresentador do ‘Agora É Tarde’. Porém, jamais me baseei em salário para qualquer decisão. Onde eu tiver mais liberdade para fazer o que acho divertido e onde o clima no bastidor for melhor, é esse o lugar onde quero trabalhar.

A propósito, você tem bom salário? Quanto ganha? Acha que dinheiro não é tudo mas ajuda muito?
Dinheiro ajuda, principalmente quando você saiu de um cortiço e de um quarto-sala no subúrbio de Santo André (em São Paulo). Porém, se minhas escolhas fossem baseadas em dinheiro, eu estaria numa situação de carreira e prazer no trabalho muito pior do que estou hoje, embora estivesse mais rico.

Qual a pior gafe que cometeu nesses dois anos? Com quem?
São tantas... Não caberia nesse jornal inteiro se eu dissesse.

Qual a melhor entrevista? E por quê? 
A melhor entrevista é sempre a do dia, porque sempre pensamos passo a passo, tijolo por tijolo do muro. A cada dia, preparamos uma surpresa ou tentamos tirar uma resposta, ou criar um momento ímpar dentro do programa e da história do convidado. Então, seja anônimo ou superfamoso, homem ou mulher, padre ou ator pornô: se a pessoa sentar no nosso sofá, trabalharemos para criar a melhor entrevista possível do dia.

E qual foi a pior?
Se algum dia teve uma entrevista ruim no programa... Agora é tarde.


Publicado em 10/07/2013 - O DIA

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