SAMBA NA TV? SÓ SE FOR AGORA!

Muito justo de Regina Casé confessar que o seu Esquenta, exibido hoje, na Globo, é filho do Cassino do Chacrinha e do Samba de Primeira. Bom, o Chacrinha, infelizmente, já morreu. Mas Jorge Perlingeiro está aí, vivinho da silva, comemorando seus 40 anos de carreira e alegrando as noites de domingo, pela CNT-Rio, com o Samba de Primeira. Então, por que não falar do original em vez do genérico? Jorge apresenta, persistentemente, seu programa há mais de 30 anos. Compra o horário de exibição, trabalha com produção e verba mínimas, trocou de emissora várias vezes em busca de espaço, já foi brega, e agora é cult. Mas nunca desistiu. Instituiu até o Troféu Samba de Primeira, que entrega em festas sempre concorridíssimas. Qual é o segredo da longevidade? Alguns podem falar que é ser filho do falecido Aérton Perlingeiro, que comandou, durante décadas, o Almoço com as Estrelas, na Tupi, do Rio. Outros, que é carisma. Ou as tiradas engraçadas do apresentador, que não se entrega à calvície de jeito nenhum. Certo mesmo é que na noite de hoje, ele reuniu numa churrascaria da Barra, onde é gravada a atração, gente do naipe de Zeca Pagodinho, Martinho da Vila, Alcione, Monarco, Dudu Nobre, Arlindo Cruz, os grupos Fundo de Quintal, Revelação e Bom Gosto, além das boazudas de plantão, como Valeska Popopuza, Solange Gomes e três mulheres frutas. A plateia (leia-se os cantores), sentada nas cadeiras de plástico do restaurante, subia ao palco para dar seu recado e voltava aos lugares. Ganhava os indefectíveis brindes (flores, caixas de cervejas, taças de champanhe, artigos do supermercado patrocinador) da porta-bandeira da Beija-Flor, Selmynha Sorriso, assistente de palco de Perlingeiro, há quase 20 anos. Cada um cantava o que queria, falava o que queria, e ouvia o tradicional "Só se for agora!" do apresentador. Na descontração do clima de bar, de encontro de amigos, de samba de verdade. Talvez esteja nessa miscelânea toda o segredo da longevidade do Samba de Primeira. Demorou, mas ele fez escola.