Rio - Se
depender dos jurados Erick Jacquin, Henrique Fogaça e Paola Carosella, a
pressão vai subir na cozinha do ‘MasterChef’. Responsáveis por avaliar os
pratos dos 18 participantes da segunda temporada do reality de culinária, que
estreia hoje, às 22h30, na Band, o trio de chefs garante estar ainda mais
exigente do que na primeira edição — quando os três dispararam frases duras
contra os candidatos — e deixa claro que o dia a dia de seus restaurantes não é
muito diferente.
“Sempre
fui mau. Quem acompanha meu trabalho sabe que já disseram que eu sou louco, que
xingo, que jogo pratos... Já mandei cliente embora do meu restaurante por pedir
algo que eu não sabia fazer. Por que vou cozinhar para um idiota? Esse é o
poder do chef”, diz o francês Erick Jacquin, admitindo que a dureza com os
candidatos é reflexo de anos de trabalho na cozinha do La Brasserie, que fechou
as portas no fim de 2013. “Profissionalmente, eu era muito pior do que no
programa.”
Dono do
restaurante Sal Gastronomia, Henrique Fogaça tem a fama de ser o mais durão
entre os jurados. Com seus funcionários, o chef paulista age com o mesmo rigor.
“Quando alguém começa a fazer estágio no meu restaurante, eu falo sobre horário
e nunca faltar. Só pode faltar se morrer alguém da família ou se amputar algum
membro do corpo. Dor de barriga, unha encravada, dor de ouvido, para mim não
funciona”, conta ele, ressaltando que a cozinha não é lugar para os fracos. “Se
vacilar ou faltar, eu já elimino.”
A
argentina Paola Carosella garante que na cozinha de seus restaurantes, Arturito
e La Guapa, não tem gritos nem insultos, mas existe muita disciplina. “Trabalho
com pessoas calmas por natureza, que conseguem segurar a pressão”, diz ela, que
não acha que já tenha extrapolado com algum participante do reality. “Rigorosa
demais é quando você pede de uma pessoa algo que ela não pode dar e quando você
machuca. Isso é rigor demais. Uma exigência dentro dos limites da capacidade do
outro é nutritiva, é como você educa.”
No
momento de avaliar os pratos dos chefs amadores, os jurados fazem cara de quem
comeu e não gostou. Rola uma encenação. Mas nem sempre eles conseguem disfarçar
o que sentem ou veem. “Às vezes, eu olho o prato e já sei que é uma merda...Mas
vou tentar. E tem coisa que surpreende”, revela Jacquin, acrescentando que o
visual da comida é importante. Já Fogaça entrega que faz parte do suspense a
cara indecifrável: “Não dá para comer e falar: ‘Nossa, que bom!’. Eu olho para
o cara, volto para o meu lugar e penso no que vou falar. Mas não é programado.”
A
apresentadora Ana Paula Padrão diz que os jurados só têm contato com os
participantes na hora das provas. Por isso, não se envolvem tanto
emocionalmente com eles. “Eu tenho mais esse papel, porque vou à casa deles,
converso com as famílias, mas não passo isso para os jurados para não
contaminá-los”, esclarece. Mesmo assim, Fogaça confessa ter ficado triste com a
eliminação de dois candidatos na primeira temporada. “Sou muito sensível e
emotivo, mas não deixo isso interferir no trabalho. O que vale é a comida”,
diz.
A
repercussão da primeira temporada deixou os chefs surpresos. A dificuldade de
ser compreendido pelo sotaque transformou Jacquin em alvo de críticas e piadas
na internet. “Se começar a falar bem o português, vou precisar baixar meu
cachê! Importado é mais caro. Acho muito chique ter legenda”, brinca o francês,
que viu sua popularidade crescer. “Adoro. Estou sendo mais procurado para dar
consultoria e fazer palestras.”
O aumento
do movimento nos restaurantes de Fogaça e Paola veio junto com comentários nas
redes sociais. “Tem gente que fala merda, aí eu excluo”, conta o chef tatuado,
que recebe até foto de mulher pelada: “Eu dou risada. Às vezes, faço um
comentário, mas não tenho muito tempo... Minha mulher não gosta (risos). Você
vai para a TV e fica bonito, não sei o que acontece.”
Publicado em 19/05/2015
– O DIA
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