quarta-feira, 27 de setembro de 2017

A FORÇA DAS MULHERES EM 'TEMPO DE AMAR'



















                                                                                     POR SIMONE MAGALHÃES

Um folhetim como já há tempos não se via no horário das seis. Com todos os clichês que o público adora e torce e se identifica e viaja no tempo. Um elenco de primeira. Todo o glamour  e uma bela reconstituição dos anos 1920. Um figurino especialíssimo. Com esses ingredientes nas mãos  - e, principalmente, na cabeça - Alcides Nogueira têm tudo para obter mais um sucesso - daqueles grandes - no horário.
Mas fujo do usual para comentar duas personagens femininas que extrapolam em talento. Regina Duarte, aos 70 anos, cheia de vitalidade e amor pela sua Madame Lucerne foi sensacional em suas primeiras cenas. A abertura da Maison Dorée, num show de extravagância dourada e extremo bom gosto, mostrou que Regina está mesmo empolgadíssima com a sua cafetina de luxo, que guarda um grande segredo (seria ela mãe de Maria Vitória, a estreante Vitória Strada? Quem sabe...). Seja o que for, a atriz fugiu das cafetinas habituais de novelas de época, e trouxe charme, olhares dúbios e um certo acolhimento a clientes e 'funcionárias'. Tudo em doses equilibradíssimas, dignas do talento da atriz. 
Tenho um grande respeito e satisfação ao ver as participações de Regina Duarte na TV, desde a minha infância. Ela é sempre mais do que se espera. Mesmo tendo passado o ano de 1972 na escola, com colegas incansáveis perguntando: "Simone, cadê o Cristiano?". Eu ficava enfastiada daquela "brincadeira" quase diária. Mas, depois de muito tempo, percebi quanto 'Selva de Pedra' foi um fenômeno na época - até entre os pequenos. Porque é assim: aonde Regina leva seu talento, com certeza, vira sucesso.
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 Marisa Orth é multifacetada. Ela vai do riso ao drama com admirável facilidade - e credibilidade das personagens. A atriz, que já é cantora, e encontra tempo para mostrar seus dotes na banda Vexame - ícone de hits bregas em releituras -, agora é fadista.  A portuguesa dedicada à benemerência Celeste Hermínia é emocionada, emocionante, de uma personalidade forte, determinada. E Marisa amou o papel: "Mudei o cabelo, sou chiquérrima, ando de calças compridas naquela época! Mergulhei na personagem: estou apaixonada pela Amália Rodrigues e por todos os fadistas. Minha personagem é muito dramática.".  Foi esse drama - que, geralmente, permeia a vida das(os) fadistas, envolve amores mal resolvidos e sofrimentos -, que saiu da voz da atriz, na estreia. Ela cantou lindamente, como se estivesse lembrando do amor "proibido"pelo Conselheiro Francisco (Werner Schünemann), há 15 anos. Sim, porque ela é a amante. Aquela que as canções de sofrência da atualidade avacalham. Mas nada diminui nem humilha Celeste: a mulher de Francisco, Odete (Karina Teles), vive catatônica, numa cama, há 18 anos. A novela mostrará a saga do amor da fadista pelo Conselheiro num mundo cheio de hipocrisia, preconceito e até duelos pela honra. E Marisa Orth fugiu para longe da Nicinha, da Magda, da Rita, da Francesca e tantas outras para num de seus melhores papéis mostrar o enorme potencial como atriz na TV.

FOTOS: REPRODUÇÃO/REDE GLOBO

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