terça-feira, 28 de setembro de 2010

O vergonhoso fim da TV Tupi

 

Ainda na esteira das seis décadas de TV no Brasil, comecei a me lembrar da importância da Tupi, e de como ela foi tirada do ar, abruptamente, há 30 anos, no Rio de Janeiro. Uma emissora forte - a primeira! - com programação diversificada, grandes profissionais, e concorrente da iniciante Globo, que, pouco tempo depois, passou a ter a hegemonia. Lembro-me do Capitão Aza, que trazia em sua astronave os clássicos I Love Lucy, Mr. Magoo, Jeannie É Um Gênio e Batman, entre outros. Novelas maravilhosas como Mulheres de Areia (1973), A Viagem (1975), Éramos Seis (1977) e O Profeta (1977). Isso sem falar no marco das telenovelas, a revolucionária Beto Rockfeller (1968). Programas como O Vigilante Rodoviário, O Céu é o Limite, Um Instante, Maestro, Clube dos Artistas, Almoço com as Estrelas, O Povo na TV... Também passaram pela Tupi Silvio Santos, Hebe, Chacrinha, Moacyr Franco, Chico Anysio, Renato Aragão e cia. Essas são as lembranças boas. As más começam no dia 17 de julho de 1980, durante a vigília, com 18 horas de duração, organizada por Jorge Perlingeiro, na sede da Urca. Muitos chorando, pedindo por seus empregos, empunhando cartazes com "Queremos Trabalhar!". No dia seguinte, lembro-me de que, na hora do almoço, exibiram a missa do Papa João Paulo II, no Aterro do Flamengo. Logo depois, o locutor Cévio Cordeiro leu uma mensagem ao então presidente Figueiredo, pedindo que a Tupi não fosse fechada. Gritos de funcionários, imagens de cartazes, e caracteres na tela misturaram-se à voz suplicante. A Tupi estava nos últimos suspiros. E logo o sinal foi cortado para sempre. Digam o que quiserem, mas defino isso como assassinato cultural.

2 comentários:

  1. Lembro de uma novela que passava na Tupi e que me deixava com muito medo. A Fábrica. A mocinha da novela, creia, era Aracy Balabadian. Ela era viúva de um industrial (dono da Fábrica, portanto) que simulara um incêndio para receber seguro. Ele era apaixonado pela mulher, mas, com a necessidade de fazer caixa, simulou a própria morte. Então ele ia visitá-la nas madrugadas enquanto dormia. E quando visitava ele entrava na sua mansão pela janela. A câmera, durante meses, ficava fechada na mão trêmula e queimada do falsário, picareta, que acho que era o tal do Edson França. Que batia na Nívea Maria, diga-se. Bom, sabia que havia algum motivo para guardar esta novela na memória. Hoje exorcizei.

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  2. Oi Simone, oi Paulo. E o "superdinamo"? E o "fantomas" e...

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