Rio - Eleonora é uma milionária falida e ex-miss que
não perde a pose. No salão de cabeleireiros que montou em Copacabana após
vender seu apartamento no edifício Chopin, ela fala coisas cabeludas contra os
pobres: “São pessoas feias que vivem mal e moram longe, além-túnel.” É essa
personagem, polêmica e cheia de preconceito, que marca a volta de Luiz Fernando
Guimarães à TV em ‘Acredita na Peruca’, série de humor que estreia no dia 18 de
maio no Multishow.
“O que ela fala não é maldade, é uma brincadeira. Minha mãe
não era diferente da Eleonora. Conheço senhoras que falam essas coisas. As
pessoas só não se mostram, mas a humanidade é assim. E o programa capta isso
tudo, não é um programa bonzinho. Em alguns momentos, ele tem ternura, o elenco
quase chora, mas é ordinário nesse aspecto”, diz Luiz Fernando Guimarães no
intervalo de uma gravação que O DIA acompanhou.
O cenário é um salão de cabeleireiros, onde se passam os 20
episódios, com direção-geral de Charles Möeller e Claudio Botelho, dupla
conhecida como Reis dos Musicais. Assim como Caco Antibes (Miguel Falabella) em
‘Sai de Baixo’, Eleonora faz comentários ácidos e bem-humorados, menos
agressivos, o tempo inteiro sobre as classes menos favorecidas, provocando
quase sempre gargalhadas nas mais de 300 pessoas — muitas vindas de caravanas
de bairros das Zonas Norte e Oeste da cidade — que lotam o Teatro Adolpho
Bloch, na Glória, onde o programa é gravado.
“Eu me dirijo à plateia, e ela reage bem. Acho que existe
uma identificação com qualquer público. O programa não levanta nenhuma
bandeira, faz humor em cima de situações que acontecem num salão. Criei a
personagem observando e conhecendo uma porrada de mulheres como ela”, conta
Luiz Fernando. “Eleonora é um absurdo. Age como se estivesse acima de todos, do
bem e do mal. O que salva ela é que eu que faço. Senão, seria enforcada”,
brinca o ator.
Em cena, Luiz Fernando usa uma peruca preta e roupas
femininas. Apesar de já ter feito outros papéis na TV como mulher, ele nunca
protagonizou um seriado inteiro dessa forma. “Eu me sinto em casa com Eleonora.
A voz é a mesma. Tento não engrossar. Dou umas pintas de mulher, falo no
feminino, faço uns gestos. Não faço muito personagem, sempre gostei de
desenhar, dar uma alinhavada nele, para que o público tenha noção do que ele
é”, explica ele, que também vive diferentes personagens masculinos nos
episódios.
O universo do salão é familiar. “Eu frequento, corto cabelo
e faço barba em salão. Até porque hoje não tem mais barbearia”, comenta Luiz.
O programa nasceu da adaptação do monólogo ‘O Impecável’,
que Luiz Fernando ainda planeja fazer, com direção de Charles Möeller e Claudio
Botelho. “Adaptamos para a TV. A gente foi gravando e escrevendo,
experimentando. Foi muito criativo pra mim”, conta Charles, que escreveu e
dirigiu os 20 episódios. “Se não der certo, a culpa é minha”, assume, aos
risos.
Além de Eleonora, a trama conta com a sua filha
problemática, Silvia (Claudia Missura), o fiel mordomo Sebastian (Eucir de Souza),
a drag cabeleireira Lucy in the Sky (Beto Carramanhos), o gogo boy Carlão (João
Gabriel Vasconcelos) e a sócia burrinha Stephanie (Miá Melo). Circulam ainda
pelo Impecável Beauty Salão and Spa a emergente Maria Eduarda (Fernanda Nobre)
e a mãe, Coral (Gottscha), suburbanas que têm direito à herança do falecido
ex-marido de Eleonora e acabam virando sócias do estabelecimento.
Na próxima temporada, Beto Carramanhos, que também é
visagista e maquiador, vai convidar pessoas da plateia para fazer uma transformação.
E Luiz Fernando quer levar convidados. “Vou chamar o Tony Ramos para participar
de um episódio”, adianta o ator. Fora do ar desde 2013, quando atuou em
‘Divertics’, na Globo, ele está ansioso para se ver no canal a cabo. “Estava
ocupado com o teatro. Mas queria que o público me visse em outro canal. Quero
ver minha cara lá no Multishow. É uma coisa de satisfação profissional”, diz.
Publicada em 31/03/2015 - O DIA
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